quarta-feira, 28 de novembro de 2012

VIDA ÚTIL DOS EDIFÍCIOS E CONSTRUÇÕES



VIDA ÚTIL DOS EDIFÍCIOS E DAS CONSTRUÇÕES – CONCEITOS (Parte 01)

Ao ministrar  Degradação de Edifícios na abordagem da disciplina de Tópicos Especiais em Construção Civil no PECC/UnB, refleti e atualizei vários conceitos, os quais passo a abordar.

A discussão da vida útil do edifício, suas partes, subsistemas e elementos, tem sido lembrada principalmente pelas discussões da Norma de Desempenho, particularmente  o anexo C da NBR 15575-1.A partir daí se começa a introduzir o tema vida útil.

Primeiramente o termo é “charmoso” e pauta uma infinidade de seminários acadêmicos, artigos, pareceres, relatórios periciais, dentre outros. O mesmo é tão usado pois é fácil de entender e tem uma definição muito simples muito coincidente em várias referências (ASTM, CIB, ABNT, etc.).

A vida útil, ou vida em serviço de um material ou componente de uma edificação, é o período de tempo, depois da instalação em que todas as propriedades são superiores a um valor mínimo aceitável, quando rotineiramente mantidos. Por analogias, podemos facilmente entender a importância da manutenção para se atingir a vida útil prevista (ou de projeto). Ao se pensar, por exemplo, na manutenção de um automóvel, temos várias operações de manutenção (as revisões), onde os lubrificantes são trocados, peças desgastadas são substituídas, tudo com um objetivo único: “manter rodas as propriedades dos veículos superiores a um mínimo aceitável”.



Assim é em nosso cotidiano onde vários exemplos podem ser associados. Lembro aqui principalmente aos síndicos e administradores de imóveis essa importância da manutenção, para manter o desempenho ou propriedades em um valor acima do mínimo aceitável. Para aqueles mais angustiados já apareceu a pergunta na cabeça: para meu prédio, para minha fachada, para meu elevador, qual é esse mínimo aceitável ? CALMA!!! Aos poucos chegaremos lá.

Vamos falar um pouco sobre as ações sobre o edifício. Podemos fazer uma lista imensa das mesmas, por exemplo: peso próprio, carga de serviço, cargas de deslocamento, incidência de chuva, umidade, incidência térmica (solar).Sempre que fazemos esse exercício lembramos das mais frequentes, ou daquelas em que estamos trabalhando no momento. Todavia, temos que fazer uma análise mais ampla para não esquecermos nada.
Pela análise de desempenho, as ações sobre o edifício e suas partes vem do cruzamento das condições de exposição versus as necessidades dos usuários. Assim, tanto o lado funcional do edifício, como também a sua interação com o meio ambiente devem ser analisados, confrontados e estudados de modo a se definir um conjunto de critérios e requisitos que devam ser correspondidos e atendidos para que o edifício e suas partes e elementos:
  • Tenha um desempenho adequado ao proposto
  • Atenda as funções para as quais foi projetado e executado,
  • Alcance a vida útil prevista


Vários organismos já se preocuparam disso ao longo do tempo, e nos últimos anos no Brasil temos a Norma Brasileira já mencionada (NBR 15557) sistematizou e condensou essas exigências do usuário nos seguintes itens:

  • SEGURANÇA
Estrutural
Fogo
Uso e operação
  • HABITABILIDADE
Estanqueidade
Desempenho térmico, acústico, lumínico
Saúde higiene
Funcionalidade,acessibilidade
Conforto tátil e antropodinâmico
  • SUSTENTABILIDADE
Durabilidade
Manutenibilidade
Impacto ambiental

Vejam como é importante pensar no todo. Por exemplo, temos acompanhado frequentemente a avaliação de novos edifícios com problemas acústicos. Se tem uma estrutura arrojada, uso de concreto protendido, materiais nobres (e caros), e o edifício não atende questões mínimas de isolamento acústico. Isso significa que esqueceu-se do atendimento de uma necessidade importante, e por mais que se atendam outras necessidades (também importantes) a falha, a deficiência, é que são lembrados pelo usuário, o que pode inclusive refletir no valor do imóvel.

Voltando à vida útil, a mesma obviamente deve ser particularizada a cada subsistema, elemento ou partes do edifício. Em termos das exigências (ou necessidades) do usuário, a vida útil está focada no último grupo (sustentabilidade), mais especificamente nas exigências durabilidade e manutenção (manutenibilidade).
Condensando várias definições de durabilidade podemos colocar que É a capacidade que um  produto,   subsistema, componente  ou construção possui de  manter  o  seu   desempenho acima de níveis mínimos especificados, de maneira a atender as exigências dos   usuários,   em    cada situação específica. Assim a vida útil é o tempo em que o edifício e seus subsistemas apresentam durabilidade, desde que ocorra a manutenção. Tanto a ausência da manutenção como também erros e falhas podem fazer com que a vida útil seja menor que o previsto, ocorrendo então as manifestações patológicas (ou patologias do edifício).



Continuaremos brevemente nosso bate papo, agora falando dos fatores de degradação (ou deterioração) do edifício.
Até breve,
Prof. Elton Bauer (laboratório.unb@gmail.com)


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