VIDA ÚTIL DOS EDIFÍCIOS E DAS
CONSTRUÇÕES – CONCEITOS (Parte 01)
Ao
ministrar Degradação de Edifícios na
abordagem da disciplina de Tópicos Especiais em Construção Civil no PECC/UnB,
refleti e atualizei vários conceitos, os quais passo a abordar.
A
discussão da vida útil do edifício, suas partes, subsistemas e elementos, tem
sido lembrada principalmente pelas discussões da Norma de Desempenho,
particularmente o anexo C da NBR
15575-1.A partir daí se começa a introduzir o tema vida útil.
Primeiramente
o termo é “charmoso” e pauta uma infinidade de seminários acadêmicos, artigos,
pareceres, relatórios periciais, dentre outros. O mesmo é tão usado pois é
fácil de entender e tem uma definição muito simples muito coincidente em várias
referências (ASTM, CIB, ABNT, etc.).
A
vida útil, ou vida em serviço de um material ou componente de uma edificação, é
o período de tempo, depois da instalação em que todas as propriedades são
superiores a um valor mínimo aceitável, quando rotineiramente mantidos. Por
analogias, podemos facilmente entender a importância da manutenção para se
atingir a vida útil prevista (ou de projeto). Ao se pensar, por exemplo, na
manutenção de um automóvel, temos várias operações de manutenção (as revisões),
onde os lubrificantes são trocados, peças desgastadas são substituídas, tudo
com um objetivo único: “manter rodas as propriedades dos veículos superiores a
um mínimo aceitável”.
Assim
é em nosso cotidiano onde vários exemplos podem ser associados. Lembro aqui
principalmente aos síndicos e administradores de imóveis essa importância da
manutenção, para manter o desempenho ou propriedades em um valor acima do
mínimo aceitável. Para aqueles mais angustiados já apareceu a pergunta na
cabeça: para meu prédio, para minha fachada, para meu elevador, qual é esse
mínimo aceitável ? CALMA!!! Aos poucos chegaremos lá.
Vamos
falar um pouco sobre as ações sobre o edifício. Podemos fazer uma lista imensa
das mesmas, por exemplo: peso próprio, carga de serviço, cargas de
deslocamento, incidência de chuva, umidade, incidência térmica (solar).Sempre
que fazemos esse exercício lembramos das mais frequentes, ou daquelas em que
estamos trabalhando no momento. Todavia, temos que fazer uma análise mais ampla
para não esquecermos nada.
Pela
análise de desempenho, as ações sobre o edifício e suas partes vem do
cruzamento das condições de exposição versus as necessidades dos usuários.
Assim, tanto o lado funcional do edifício, como também a sua interação com o
meio ambiente devem ser analisados, confrontados e estudados de modo a se
definir um conjunto de critérios e requisitos que devam ser correspondidos e
atendidos para que o edifício e suas partes e elementos:
- Tenha um desempenho adequado ao
proposto
- Atenda as funções para as quais
foi projetado e executado,
- Alcance a vida útil prevista
Vários
organismos já se preocuparam disso ao longo do tempo, e nos últimos anos no
Brasil temos a Norma Brasileira já mencionada (NBR 15557) sistematizou e
condensou essas exigências do usuário nos seguintes itens:
- SEGURANÇA
Estrutural
Fogo
Uso e operação
- HABITABILIDADE
Estanqueidade
Desempenho térmico, acústico, lumínico
Saúde higiene
Funcionalidade,acessibilidade
Conforto tátil e antropodinâmico
- SUSTENTABILIDADE
Durabilidade
Manutenibilidade
Impacto ambiental
Vejam
como é importante pensar no todo. Por exemplo, temos acompanhado frequentemente
a avaliação de novos edifícios com problemas acústicos. Se tem uma estrutura
arrojada, uso de concreto protendido, materiais nobres (e caros), e o edifício
não atende questões mínimas de isolamento acústico. Isso significa que
esqueceu-se do atendimento de uma necessidade importante, e por mais que se
atendam outras necessidades (também importantes) a falha, a deficiência, é que
são lembrados pelo usuário, o que pode inclusive refletir no valor do imóvel.
Voltando
à vida útil, a mesma obviamente deve ser particularizada a cada subsistema,
elemento ou partes do edifício. Em termos das exigências (ou necessidades) do
usuário, a vida útil está focada no último grupo (sustentabilidade), mais
especificamente nas exigências durabilidade e manutenção (manutenibilidade).
Condensando
várias definições de durabilidade podemos colocar que É a capacidade que
um produto, subsistema, componente ou construção possui de manter
o seu desempenho acima de níveis mínimos
especificados, de maneira a atender as exigências dos usuários,
em cada situação específica.
Assim a vida útil é o tempo em que o edifício e seus subsistemas apresentam
durabilidade, desde que ocorra a manutenção. Tanto a ausência da manutenção
como também erros e falhas podem fazer com que a vida útil seja menor que o
previsto, ocorrendo então as manifestações patológicas (ou patologias do
edifício).
Continuaremos
brevemente nosso bate papo, agora falando dos fatores de degradação (ou
deterioração) do edifício.
Até
breve,
Prof. Elton
Bauer (laboratório.unb@gmail.com)
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