Ao apresentar palestra no I Fórum Sobre Alvenaria Resistente em Recife, no último dia 22, discorria sobre o tema Vida Útil dos Edifícios e das Construções. Nas perguntas, fui questionado em como a qualidade atual da mão-de-obra afeta a vida útil. Repondi que os erros da mão-de-obra fazem parte dos erros de execução. Esses erros correspondem a não fazer o que foi especificado ou projetado, ou não atender os quesitos da boa técnica (em muitos pontos respaldados em nossas Normas Técnicas). Exemplifiquei uma situação que observo através das prospecções que fazemos no estudos de caso das obras, a qual é a deficiência ou inexistência de cura em nossas concretagens em Brasília. Isso é um erro de execução ? Sim. É um erro da mão-de-obra ? Pode ser, se ela foi especificada e não foi feita ou quem deveria fiscalizar não o fez. O que essa ausência de cura afeta ? Em termos de resistência, talvez a variação seja pequena, mas em termos de durabilidade o efeito pode ser enorme. Pela ausência de cura, surgem fissurações (pequenas talvez para afetar a resistência), mas significativas por aumentar a rede de espaços que permite o ingresso de água, gás carbônico, deletérios ao concreto. Possivelmente as características iniciais(resistências, flechas, etc) possam não identificar deficiências, mas a médio prazo (15 anos) os sintomas de degradação se tornam críticos gerando inclusive patologias importantes. Então, gastou-se com material, gastou-se com mão-de-obra, e por uma deficiência técnica de quem executou, reduz-se a vida útil.
Vai a pergunta: "quem paga por isso"?
Repondendo a questão inicial, os erros de execução afetam a qualidade inicial (na entrega da obra), e dependendo do erro podem fazer com que o desempenho esperado seja menor que o previsto e definido em projeto. Consequentemente a queda de desempenho pode ocorrer num período de tempo menor, o que leva a uma possível e provável redução da vida útil.
Prof. Elton Bauer
laboratório.unb@gmail.com
Curva de degradação apresentada na NBR 15575-1 (Norma de Desempenho)
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